quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

BiG Bosta BRASIL e o POVO

Texto de Marcos Cavutto

É bastante comum a idéia de que não existe nada mais interessante que a vida alheia. Não foram poucos os escritores e pensadores que deram destaque ao caso da fofoca, do ato de bisbilhotar e da abelhudice característica de velhas desocupadas, fofoqueiros compulsivos e demais mexeriqueiros dispostos a pagar entrada para saber a razão do quebra-quebra da noite passada na casa da vizinha. Com base neste interesse mórbido e mundial pela vida privada, uma rede de TV, sei lá de que país, criou o Big Brother, programa em que são colocados alguns indivíduos dentro de uma casa com câmeras em todos os lugares, as quais transmitem o que acontece com eles aos espectadores. Na casa ocorre de tudo: brigas, relacionamentos amorosos, festas, competições, fofocas, e, se der sorte, relações sexuais. Não demorou para que a TV brasileira copiasse a moda e fizesse do programa uma febre nacional, com a diferença de que na maioria dos países onde foi sucesso, o Big Brother está sendo paulatinamente esquecido.
Nunca assisti a um episódio inteiro do Big Brother, o que já me rendeu epítetos como esnobe, chato ou metido a intelectual. A pedido de uma amiga, assisti a um trecho, ainda da primeira edição, e constatei o que já sabia de antemão: Big Brother é absolutamente chato e imbecilizante! Não fosse o poder da grande emissora que o transmite ,ninguém assistiria. Trata-se de mais um embuste de uma emissora de televisão investindo na falta de questionamento do espectador, na sua completa passividade e aceitação do que lhe é imposto como “entretenimento”. Big Brother é um dos maiores engodos televisivos da história. A produção é barata, pois não há investimento em cenários ou locações, não existe elenco de artistas, são escolhidas pessoas do povo para participar, as quais trabalham de graça em troca do tal prêmio concedido ao vencedor( o programa é supostamente uma competição, só resta saber de que). Os participantes ganham status de artistas, suas vidas estão o tempo todo nos jornais e revistas e há programas de TV dedicados inteiramente a análises de quem será o possível ganhador. Lembro-me de que o ganhador da primeira edição foi um rapaz completamente néscio que a mídia expôs até a exaustão. O que mais decepciona no Big Brother é o fato do programa fabricar uma imagem estereotipada de sucesso pessoal que em tudo contrasta com o bom senso, pois para vencer a tal competição, quanto mais idiota melhor. Um festival de tolices, banalidades e nulidades que só podem interessar a um povo alienado e obtuso, sem maiores objetivos a não ser divertir-se com a patetice escancarada de uma trupe de pseudo-artistas sem talento ou inteligência. O fenômeno de sucesso que é o Big Brother só vem confirmar o que já se sabe há alguns anos: o Brasil está descendo a ladeira. Não sei como pode a TV do país ter chegado a tal nível de degradação humana, cultural e artística e não me espantaria se a próxima edição do Big Brother não fosse numa casa, mas sim no meio do mato, protagonizado por chimpanzés e gorilas, já que descendo assim, chegar à animalidade não é um passo tão difícil.

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